PERIFERIA
A
maioria dos brasileiros reside em bairros que têm o mesmo nome,
independentemente de qual seja seu Município ou Unidade da Federação.
Oficialmente, o bairro pode ser chamado de Cidade Nova, Japeri, Pedrinhas,
Quarenta Horas ou São Miguel Paulista. Não importa. O bairro da maioria dos
brasileiros é Periferia, que, em minha cidade, chamam de Entorno.
Lá,
os cidadãos acordam antes do raiar do Sol, equilibram-se em transportes
públicos precários e de tarifas com preços não condizentes com a lentidão, nem
com o desconforto veicular. Os tempos das “viagens” aos locais de trabalho são
medidos em horas, cujos trajetos são percorridos em pé, na maior parte das
ocasiões.
Enquanto
estão trabalhando, suas residências ficam fechadas, sujeitas a furtos, ou com a
numerosa prole, onde os mais velhos ajudam a criar os mais novos, flertando com
a via pública e seus perigos, um espaço comum monitorados pelas vizinhas que se
revezam para fiscalizar os logradouros, que se transformam em creches, clubes,
espaço comunitário, quadra de esportes etc. Tudo o que falta na Periferia.
Após
jornadas exaustivas, ao chegar a casa, que praticamente é apenas dormitório, os
moradores da Periferia reúnem-se nos templos, enquanto os mais jovens vão às
escolas públicas, que são convertidas em clubes, locais de namoro, pontos de
encontro, rodas de consumo de bebidas alcoólicas e drogas. Poucos realmente vão
para estudar.
A
quase ausência do Poder Público contrasta com o real valor da Periferia, porque
seus moradores são os cidadãos que geram e sustentam a economia da cidade, que
se esquece dela ou pouco por ela faz.
Ao
longo dos anos, minimamente, a Periferia tem melhorado. Já há centros de
compras, faculdades, clínicas e hospitais particulares, todavia algo continua a
piorar, condenando a maioria dos brasileiros a ter qualidade de vida inferior à
participação deles no Produto Interno Bruto (PIB): a violência urbana. Todos com quem conversei ultimamente foram
coincidentes neste ponto: não está mais
sendo possível conviver com os atuais índices de violência, Não se importam
em viver na Periferia, contudo exigirão
iniciativas imediatas, eficazes e fornecedoras de segurança pública.
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